Imagine a seguinte cena: você entra em seu carro e percebe que alguns itens foram roubados, mas não há evidências de arrombamento.
Mais de 50 pessoas passaram por essa situação em Goiás até que a polícia civil quebrou o segredo. Conhecido quando os criminosos usam um dispositivo chamado “Chapolin”, semelhante ao controle remoto da portão eletrônico ou até mesmo ao próprio controle, para evitar o travamento das portas dos veículos.
É quase impossível perceber o crime no momento em que ele acontece. Normalmente, alguém fica escondido, esperando a vítima se posicionar para travar o carro para, simultaneamente, acionar o dispositivo. Quando os dois sinais são emitidos ao mesmo tempo, a informação de travamento das portas não chega ao seu destino. Após o proprietário se afastar, os criminosos abrem o veículo com tranquilidade e levam os objetos de valor em segundos. Por isso, a dica é sempre checar se o carro está realmente fechado.
Em um vídeo gravado em suas redes sociais, o policial militar Cabo Almeida, de Pinhais, no Paraná, mostra como o golpe acontece. Os criminosos ficam segurando o dispositivo enquanto o proprietário trava o carro, a atitude, segundo ele, “isola” o sinal da chave.
Vítima achou que havia esquecido de fechar o carro
No início do mês, a Polícia Civil do Estado de Goiás cumpriu mandado de prisão preventiva de Francisjunio Gomes de Sousa, 27 anos, suspeito de praticar uma série de furtos mediante fraude em veículos, ocorridos no decorrer do ano de 2020, em Goiânia. Em comunicado, a corporação explica que, no início das investigações de um dos casos, acreditou-se que a vítima havia esquecido de fechar o carro.
“Em fevereiro de 2020, um supervisor de obras procurou policiais civis e noticiou ter sido vítima do crime de furto, ocasião na qual o autor do crime subtraiu R$ 16 mil do interior do veículo que estava estacionado em via pública. Chamou a atenção da vítima o fato de não ter encontrado qualquer avaria no veículo que denotasse o arrombamento. Após analisar imagens de câmeras de vigilância existentes nas imediações do fato, foi possível verificar que um indivíduo não identificado abriu naturalmente a porta do carro, o que levou a vítima a crer que não teria trancado o automóvel ou que teria esquecido o vidro aberto”, explicou a polícia.
No entanto, iniciadas as investigações, outras três vítimas de furtos, em circunstâncias semelhantes, procuraram o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Ao aprofundarem as investigações, os policiais identificaram mais de 50 registros, entre janeiro e setembro de 2020, de furtos em veículos em situações semelhantes. “Também identificaram que o autor do crime utilizava-se de um dispositivo eletrônico, similar a um controle de portão e popularmente conhecido por “Chapolin”, que, ao ser acionado, impede o trancamento do automóvel e possibilita a entrada no veículo sem que seja necessário arrombá-lo”, escalasse a Polícia.
Com o cumprimento do mandado de prisão preventiva, o investigado ficará recolhido no Complexo Prisional de Goiânia, à disposição do Poder Judiciário, e poderá ser indiciado pela prática de uma série de crimes de furto qualificado, infração penal que possui pena de até 8 anos de reclusão.